sábado, 31 de maio de 2008

Status sagrado e alienação

A idolatria a máquina, assim como um status sagrado atribuído aos objetos técnicos na perspectiva de Gilbert Simondon (1958) esta relacionado a um exclusão destes objetos do mundo das significações. Esta exclusão se sustenta na falsa premissa da separação entre homem e máquina, entre a técnica e a cultura.

Nesta direção o desconhecimento da natureza e essência das máquinas, e sua ausência do mundo da significações, produz num grande processo de alienação. Ao se referir as máquinas semióticas, ou máquinas dedicadas à tarefa da representação, Machado afirma: afirma que :

“...elas falam, elas determinam modos de percepção, elas incutem ideologias pelo que têm de saber materializado em suas peças e circuitos, pela sua maneira particular de tornar sensível o mundo de que elas são a mediação e pela sua específica resolução do problema da codicação deste mundo” (1993, p. 35).

Machado sugere por exemplo que a câmera fotográfica é determinante de um perspectiva renascentista, um olho abstrato, espécie de “escopocentrismo”. Há uma inteligência inscrita na câmera e que aparece em qualquer foto, independente de quem fotografa. Desta forma a máquina é mais que um artefato mecânico, é a “materialização de um processo mental, um pensamento que tomou corpo e ganhou existência autônoma”.

Simondon observa que o “A realidade humana reside nas máquinas assim como as relações humanas são fixadas e cristalizadas em sua estruturas funcionais” (1958, p. 4). O universo das máquinas intermedia a relação ente os homens e a natureza . A noção do objeto técnico, como algo distante, não familiar, oculta toda a realidade dos esforço humanos na natureza na construção destes objetos.

As novas formas de alienação surgem não apenas da forma como as máquinas intermediam as relações entre homens e natureza, mas cada vez mais como as relações dos homens são intermediadas entre si com o advento das redes e do ciberespaço. O conhecimento da natureza e essência desta intermediações pressupõe a inclusão no universo das significação não apenas da máquinas, mas igualmente o softwares e as estruturas de comunicação.

Se pensarmos na perspectiva de Vygotsky (1998) o controle da Natureza e o controle do comportamento estão interligados, a intervenção do homem sobre a natureza altera a própria natureza humana. Da mesma forma podemos concluir que o uso de signos e a maneira que estes signos circulam neste mundo da maquinas semióticas também condiciona uma estrutura particular de comportamento e cria processos psicológicos enraizados na cultura.

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